MARIA AZENHA | Coimbra 1945

Ainda hoje estudiosos e leitores não têm podido acolher em todo o seu âmbito a contribuição de Maria Azenha para a poesia portuguesa contemporânea. Uma poesia que define os papéis e lugares da escrita para delinear sua incidência na relação entre mulher e sociedade. A escrita assegura à Azenha a liberdade e a coragem de dizer exatamente o seu pensamento, tendo em mente que a criação artística depende da relação com a realidade. Além de vagar com seus versos no coração das memórias de infância em busca de uma verdade precária, a autora também fala sobre sua relação com o mar, reafirmando os componentes do movimento e da liberdade. A morte é outro dos principais temas de sua escrita, é traduzida com uma linguagem culta e ainda transparente, alheia às implicações lógicas, aludindo a um equilíbrio harmonioso entre a fisicalidade e as inserções metafísicas.

chuva marítima


é noite geral


a linha da pobreza

O presente constitui para Maria Azenha o único tempo próprio para a poesia, sem passado. Não seria correcto dizer também sem futuro, porque o futuro, assim como o passado já estão absorvidos por si mesmos num presente absoluto e intangível que é o presente da palavra. De tal forma, tempo e palavra não se excluem, só se separam para unir-se incessantemente. A poética da Azenha se consome nesta transição temporal de uma realidade que se murcha sem cessar. Portanto, ante a lembrança, a poeta vai em busca da inocência da palavra e o fará sondando no interior de nossa hermética vida até encontrar esse centro desde o qual é possível possuí-lo já tudo, ou perdê-lo. Os versos da Azenha são um encantamento para descobrir essa realidade cuja marca se encontra na ávida angústia da interioridade.


até explodir nos lábios


Três mães. Três poemas de areia


Se um poeta não trabalha para chegar ao fim para propor sua própria visão da alma, da sociedade, do cosmos, para que ele trabalha? Uma cosmovisão amadurece lentamente no trabalho de um poeta. E o poeta como meio da palavra tem mais deveres do que um apresentador, um rapper, um influenciador ou um político que muitas vezes não sabe o que diz, e o que diz é resolvido em simples banalidade. O poeta conta a realidade dos sentimentos individuais, da história coletiva, para que o espírito e a qualidade dos tempos mudem. Tudo pode mudar, e de fato muda, nada pode ser feito para impedi-lo. Diante desta
situação, a solidariedade de destino socialmente criado não é uma questão de escolha.

Quando lemos de que visão do mundo Maria Azenha é portadora, somos nós mesmos diante de um mundo, da diferença, da complexidade e da maravilha das coisas. A curiosidade contida em seus versos nos arrasta onde ainda podemos descobrir os fragmentos da verdade sobre nossa alma e sobre a sociedade e a própria civilização em que vivemos. Assim, os seus são poemas que interpretam o mundo, mostrando o animado no inanimado, o visível no invisível.

O niilismo presente na nossa contemporaneidade, é expresso como a lógica da «morte de Deus», da vontade superadora, da recuperação de sentido. Hoje a lógica niilista é a secularização, a autonomia e a globalização como lógicas pós/modernas de compreensão do «eu», da «realidade» e da «história». A palavra de Maria Azenha não finge de não ver a presença de forças esmagadoras que tentam extinguir a natureza dentro e fora do homem, o valor único e sagrado da pessoa humana, e da própria linguagem, mas faz uso duma palavra que acredita em suas próprias razões e a defendem a todo custo.


eles estão aí! eles estão aí!

Entrando no terceiro milênio, Azenha continua a observar, investigar, analisar sua realidade interior e a do mundo externo, revelando a agudeza e fortaleza que nos permitem entrar no coração de seu pensamento e investigar a qualidade de sua mensagem. Uma poesia, portanto, que quer revelar ao próprio homem seu ser em sentido ontológico, histórico e emocional, e dar respostas de autenticidade humana. Enfim, a Poesia de Maria Azenha supõe a repercussão de uma conquista individual e coletiva, de uma ocupação e preocupação do nosso tempo presente como objeto de reflexão, de uma consequente reinterpretação do protagonismo do sujeito na construção de sua história.

DANILO DOLCI | Sesana (Trieste) 1994 – Partinico 1997

Crediti: http://www.salvisjuribus.it

Dolci ha rappresentato il versante laico del solidarismo italiano impegnato, polemico e oltranzista. I temi d’interesse storico, umanistico ed epocale sono presenti nelle sue poesie. I suoi versi si prefiggono di emancipare e riscattare gli umili dal loro destino di vittime, fino a coinvolgere perfino i reprobi, troppo spesso e comunque dominati e offesi dal potere e dalla sua tracotanza. Lo stesso Dolci dichiarava che la poesia «è il prestarsi alla vita della gente analfabeta che non sa esprimersi», è anche, si può aggiungere, diventare la loro penna e la loro voce. Dunque, una poesia intesa come indagine e illuminazione per raccontare il proprio impegno quale uomo e quale scrittore, teso in una equilibrata rivoluzione permanente.






Le poesie qui pubblicate provengono dal libro: Danilo Dolci. Creatura di creature. Poesie 1948-1978 (prefazione di Mario Luzi), Armando editore, 1986.

Frugando il diurno alito opaco
di smog e incenso
rumorose fiumare di fari accesi
fiottano su piastre incatramate.

Se tutta s'incrosta, una creatura soffoca.

da" L'odore del fumo


"Lager dei bambini in Litzmannstadt"

27 novembre

N. 1239
Cara mammina,
perché non sei venuta quando ti ho scritto di venirmi a trovare?
Perché non mi hai mandato da mangiare, e ora cara mamma ti
prego venirmi a prendere. Ti prego ancora una volta cara mamma
non dimenticarmi di venirmi a vedere. Cara mamma ti prego vieni.
Non dimenticare. Cara mamma ho finito la mia lettera perché
non ho più altro da scrivere tuo
Jerzy''

Dopo oltre un quarto di secolo
ancora, quando dice Gestapo
si guarda attorno furtiva.


da" L'odore del fumo


Molti ancora non sanno:
il lager è tra noi, è in noi,
non si può stare male per una lampada qualsiasi,
non si può stare male per un sasso.

Non so se i giovani sanno
in ogni parte del mondo:
non c'è rivoluzione se si trattano gli uomini come sassi.

Ma sapere solo Auschwitz o il Sudafrica, intossica:
ai giovani occorre, anche,
l'esperienza di un mondo nuovo davvero.
Ad Auschwitz ci torno volentieri,
mi dà la misura dei fatti".

da" L'odore del fumo


"Uno dei tanti lager di oggi,
lager di Holezmann
una delle imprese che più costruisce
lussuosi appartamenti in Europa.

Nelle allineate baracche di legno
uomini ammassati per spremerne il lavoro
non possono ricevere amici -
quattro in una stretta stanza
pagando settantacinque marchi al mese
ciascuno, uomini soli.
- Verboten -
-Perché verboten?
- Perché non si può -.

Iugoslavi italiani portoghesi greci
turchi spagnoli sono venuti qui a cercare
il mondo sviluppato.
Se si fa una questione, ci si perde il tempo.
Anche se non possiamo fare la nostra vita
noi non ci possiamo niente
se protestiamo ci buttano via
e chi dà da mangiare ai bambini
alle famiglie che aspettano lontano?

Là si lavorava sconfitti
chi ci ha mangia
chi non ci ha può morire,
qui si mangia e si avanza qualche soldo
ma si resta sconfitti in altra maniera.
Se questa gente si organizza
trova lavoro nella sua terra,
e non solo il lavoro.

Parlare al direttore del lager?
- Verboten -
- Warum verboten? -
- Verboten -
Ma perché verboten? -
- Alles verboten -

Questo era un lager di prigionieri -
e questo è il mondo democratico,
questo è il mondo nuovo.
Dalla mattina alle cinque alla sera alle sei
calcolano otto ore -
questo il mondo dei calcolatori elettronici?"

da" L'odore del fumo


Accusandolo antidemocratico
lo mungono insistendo fino al sangue.


da In questo frammento


Non le tue nere lacrime
su me sepolto: coerente
sputa.


da In questo frammento


Ti detesto, New York
non perché città
(eppure nel rugginoso carcame
tra il luccicore opaco delle foglie
rigide, senza umore, semi intensi
germogliano):

perché credi di esserlo.



Dal vuoto umoso degli steli erbosi
da guaine annodate a incollonarsi elastiche
prati e boschi iniziano le canne
d'organo.

da In questo frammento


Tra chiazze di sangue sull'asfalto
macule scivolose di vomito
ululo minaccia lamentoso rogna
profonda, gente agitata
con un cappio al collo o una catenella
tra grinte di grattacieli
schiva contra cupa.



(Un vecchio nella strada di Trappeto ripeteva
tirandomi la maglia, non capivo,
"ci sono le anatre":
con la diga, annunziava
pure le anatre sanno il nuovo lago
a inverdire la terra -
mai restate
ora fiottano in acqua confidente)



Si incrociano macchine inseguendosi
strette sfrisano rabbiose
frenano a strappo sussultano
fischietti trivellano orecchie ognuno tenta
vendere qualcosa
chi non si droga è anormale.


da In questo frammento


Una collaudata ricetta per asservire:

suadere il nudo è osceno,
volgare il genere

preziose le scatole stampate
dal garante dell'ordine -

il rivoluzionario, spento
è più sicuro.



Per rimanere servi:

annegare la rabbia in lamentele

tentare senza rischio di pescare
paradisi privati -

continuando adulare
il pene del padrone.




Per ogni caso
a intombare affioranti rimorsi
di privati rapporti
invelena gli sciami delle api.



da In questo frammento

Eros Alesi | Ciampino 1951 – Roma 1971

Este joven adolescente romano fue muy conocido por los seguidores del movimiento underground milanés de los ‘60, el cual se centraba alrededor  de la revista Mondo beat, dirigida por Melchiorre Gerbino. En sus textos se puede vislumbrar como la fuerte adicción a las drogas y al alcohol lo condujeron hacia un espacio sociológico, geográfico, corpóreo, simbólico y existencial de cualidades ambiguas, al tiempo duro y vulnerable, traumático y liviano, corriente y extraordinario, tenso pero cotidiano, finalmente precario, articulado en la periferia socioeconómica y en las sombras de la sospecha, la pobreza, el estigma y la muerte.

QUERIDO PAPÁ         



Querido papá Tú que estás ahora en las pasturas celestes, en las pasturas terrenas, en las pasturas marinas. Tú que estás ahora en las pasturas humanas. Tú que vibras en el aire. Tú que amas a tu hijo Ales! Bros. Tú que has llorado por tu hijo. Tú que sigues su vida con tus vibraciones pasadas y presentes. Tú que eres amado por tu hijo. Tú el único que estaba en él. Tú a quién llaman muerto, ceniza, mundicia. Tú que eres mi sombra protectora. Tú a quien amo en este momento y siento más cercano que cualquier cosa. Tú que eres y serás la fotocopia de mi vida. Que tenía 6-7 años cuando te veía Hermoso-fuerte-orgulloso-seguro arrogante, respetado y temido por los demás, que tenía 10-1 1 años cuando temiraba violento, ausente, malo, que te veía como un ogro, que te consideraba un Bastardo porque golpeabas a mi mamá. que tenía 13-14 años cuando yo veía que veías perder tu papel. que yo veía que veías el surgimiento de mi nuevo papel, del nuevo papel de mi madre. que tenía 15 años y medio cuando yo veía que veías los litros de vino y las botellas de coñac que aumentaban espantosamente. que yo veía que veías que tus miradas ya no eran hermosas -fuertes orguUosas, fieras, respetadas y temidas por los demás. que yo veía que veías alejarse a mi madre, que yo veía que veías el inicio de un normal, dramático desmoronamiento. que yo veía que veías los litros de vino y las botellas de coñac aumentando considerablemente. que tenía 15 años y medio viendo que veías que yo escapaba de casa, que mi madre escapaba de casa. que tú querías representar al Duro. que no tuviste ninguno. que te quedaste solo en una casa con dos cuartos, más servicios, que los litros de vino y las botellas de coñac siguieron aumentando.
que un día, que el día, en el cual viniste a sacanne de los separos secretos de Milán, vi que te veías solo, que tú querías a tu mujer o a tu hijo o a los dos en aquella casa con dos cuartos más servicios, que he visto que veías que estabas dispuesto a todo, con tal de recuperarnos. que he visto que has visto tu mano tendida en señal de paz, de armisticio. que he visto que has visto sobre tu mano un esputo. que he visto que has visto tus ojos, lagrimeando soledad incrustada de sangre masoquista, punitiva. que he visto que tú has visto el deseo de querer castigar tu vida.
que he visto que veías el deseo de no sufrir que he visto que veías los litros de vino y las botellas de coñac aumentando continuamente. que he visto que veías en aquel periodo tu vida futura. que supe que sabías que tu hijo era un drogadicto, que tu mujer esperaba un hijo de otro hombre (hijo que a ti no te quiso dar). que he visto que veías pasar 3 años, que he visto que veías que el día 9-XII69 no viniste a verme al manicomio porque estabas muerto. que ahora ves que veo que el primero eres tú. que juegas baraja con el descarte, haciéndote el descartado. Pero jugando, igualmente, que ahora ves que veo que te adoro, que te amo desde lo más profundo del ser.
que ahora ves que yo veo que mi madre se lamenta. ALESI FELICE PADRE DE ERGS ALESI ERGS que ves que yo veo que he huido una vez más hacia la soledad. que tú ves que yo veo sólo una gran, grandísima negrura, la misma negrura que yo veía que tú veías. que seguirás mirando lo que veo.

QUERIDA, DULCE, BUENA...


Querida, dulce, buena. . . Querida, dulce, buena, humana, social, mamá morfina. Que tú, solamente tú, dulcísima mamá morfina, me has querido bien, como yo quería. Me has amado totalmente. Yo soy el fruto de tu sangre. Que solo tú has logrado que me sienta seguro. Que tú has logrado darme el cuantitativo de felicidad indispensable para sobrevivir. Que me has dado una casa, un hotel, un puente, un tren, un portón, y los he aceptado; que me has dado todo el universo amigo. Que me has dado un rol social, que pide y da. Que a mis 15 años acepté vivir como ser humano, “hombre”, sólo porque estabas tú, que te ofreciste a crearme por segunda vez. Que me enseñaste a dar los primeros pasos. Que aprendí a decir las primeras palabras. Que sentí los primeros sufrimientos de la vida. Que experimenté los primeros placeres de la nueva vida. Que he aprendido a vivir como siempre soñé vivir. Que he aprendido a vivir bajo los innumerables cuidados y atenciones de mamá morfina. Que jamás podré renegar de mi pasado con mamá morfina. Que tanto me ha dado. Que me ha salvado del suicidio o de la locura que casi habían destruido mi salvavidas.
Que hoy 22-XII-1970, que aún puedo gritarle a los demás y a mí mismo, a todo lo que es fuerza noble, que nada ni nadie me ha dado tanto como mi benefactora, protectora, mamá morfina. Que tú eres infinito amor, infinita bondad. Que yo sólo te dejaré cuando esté maduro para la muerte amiga o cuando esté tan seguro de mis fuerzas para lograr estar en pie sin las potentes vitaminas de mamá morfina.

QUE ROMA





Que Roma Que Roma. Que el paisaje desde el tren a Milán. Que la frontera suiza. Que ocho días en Milán. Que de nuevo en Roma. Que cansada, desesperadamente otra vez en Roma. Que el loco estado de ansia debido a una cruda de Ritalín. Que de nuevo sin biombos que cubran mi ser. Que me encuentro de nuevo frente al ambiente —a mi ser. Que el ambiente es el ser que soy. Que estoy epilépticamente cansado. Que estoy epilépticamente cansado de un día de serenidad y tres de locura consciente, de ansia bastarda. Que me hace dudar de la veracidad de mi historia pasada, del credo actual. Que la alegría y el interés de vivir ya pasaron. Que el tedio, la monotonía, el cansancio de vivir gobiernan mi forma de ser y mi vivir. Que la bola rebota en tiempo vibracional. Que las ondas corren, van y vienen, salpican, brotan, se lanzan, aceleradísimas, rebotan, vibran, oscilan con la velocidad del estímulo del instinto. Que espero en la sala cinematográfica de mi cráneo aparezca una imagen, una escena que unte sobre mi ser un estrato de serenidad, de paz, móvil
viajante, no paz vegetativa. No estado dimensional apático al cual endilgarle auto sugestivamente la etiqueta de paz.

OH QUERIDA. OH SEÑORA MUERTE



Oh querida. Oh señora muerte Oh querida. Oh señora muerte. Oh serenísima muerte. Oh invocada muerte. Oh pavorosa muerte. Oh indescifrable muerte. Oh extraña muerte. Oh viva la muerte. Oh muerte que es muerte. Muerte que marca el alto a esta saeta vibrante.

QUE TÚ EN TODOS LOS CAMINOS...


Que tú en todos los caminos. . . Que tú en todos los caminos y callejones del mundo, que yo en un manicomio o en una cárcel de cualquier ciudad del mundo. Que dos veces se ha interpuesto esta triste realidad y otras tantas he corrido en tu mágica y misteriosa casa, el oriente, y las dos veces he vuelto a abrazarte con todo el amor que tú me enseñaste a tener. Que ahora he salido de un manicomio, por tercera vez y por una tercera y forzada separación de ti, MAMÁ MORFINA. Que estoy seguro, que estoy casi seguro de que pronto podré abrazarte de nuevo. Que a las dos y media del 23 de diciembre de 1970, gente que habla de mi conversación, conversación sólo mía, que sólo yo y mamá morfina conocemos, que sólo yo y ella hemos llevado adelante en la conversación de verdades nuevas, mías y para mí, como la de amar a Giorgio. Como la de dos que buscan en el cuarto de alguien que se personifique en él.